Para o protestante a Bíblia é a única fonte de fé; já para os
católicos são três: a Bíblia, a Tradição Oral Apostólica e o Magistério da
Igreja. O propósito aqui é refletirmos sobre esses pontos e entendermos
definitivamente o assunto.
Você já parou para pensar que não existe nenhum livro da
Bíblia definindo quais livros da própria Bíblia são inspirados ou não? Sendo
assim, como foi feita então a definição do catálogo bíblico?
Antes de darmos essa resposta, vamos entender um pouco como
funcionava o relacionamento de Deus com o seu povo no Antigo Testamento. No AT Deus falava e confiava oralmente a Sua
Palavra a Noé, a Abraão, a Moisés... E essa Tradição Oral da Palavra de Deus se
transmitia por gerações de pais para filhos. Podemos conferir isso em Gen 4,8s
e 15,18s e Lev 10,8-11.
E uma observação curiosa: o próprio Jesus não escreveu e nem
mandou escrever nenhum livro, porém escolheu, ensinou e autorizou oralmente os
apóstolos dizendo-lhes: “Ide, pois, ensinar todos os povos...ensinando-os a
observar tudo que vos mandei” (Mt 28,18-20).
E os Apóstolos obedeceram. Pregaram o Evangelho oralmente e
por decênios assim foi transmitida a Palavra de Deus. Essa realidade é
imbatível e o próprio São Paulo deixa claro isso em 2 Tm 2,1-2: “Tu, pois, meu filho, fortifica-te na fé que
está em Jesus Cristo, e o que ouviste de mim diante de muitas testemunhas,
confia-o a homens fiéis, que sejam capazes de instruir a outros”.
1 Ts 2,13: “Não cessamos de dar graças a Deus, porque ao
receberdes a Palavra de Deus, que de nós ouvistes, vós a recebestes não como
palavra humana, e sim o que realmente é, como Palavra De Deus”.
Podemos verificar com facilidade que a Palavra de Deus
referente à vida de Jesus e suas práticas já existia anteriormente à
existência do Novo Testamento!
Isso é a Tradição Oral Apostólica. Foi essa mesma Tradição
que, posteriormente, com sua Própria Autoridade definiu quais livros eram
inspirados e quais livros não eram inspirados por Deus.
Como vou crer na Bíblia se não creio na Tradição? Afinal de
contas foi a Tradição quem definiu o catálogo bíblico! Por isso Santo Agostinho
dizia: “Eu não creria na Bíblia se a isto não me levasse à autoridade da Igreja
Católica”.
Alguns protestantes alegam que nos primeiros decênios não
existia a Igreja Católica e que ela foi criada posteriormente. E que a Igreja
Católica não é a Igreja de Cristo Primitiva. Isto é tão sem lógica que respondo
com uma pergunta: Se a Igreja Católica não é a Igreja de Cristo Primitiva o que
aconteceu com a Igreja Primitiva? Se extinguiu? Desapareceu? As portas do
inferno prevaleceram? (Isto seria anti-evangélico, vide Mt 16,18).
O fato de terem dado um nome à Igreja de Cristo não
significa que ela tenha deixado de ser a Igreja de Cristo. Se dar um nome à
Igreja modifica sua realidade então também, da mesma forma, nenhuma Igreja
Protestante pode ser considerada Igreja de Cristo pois todas possuem um nome ou
denominação.
Agora uma questão importante: De onde vêm a autoridade para
definir se um livro é sagrado ou não? Aqui entra a importância do Magistério
da Igreja. O próprio Jesus quis que esse magistério existisse e o incumbiu
com tal autoridade. Vejamos:
No Evangelho de Mateus, capítulo 16, versículos de 13 a 19,
podemos ler os seguintes acontecimentos:
"Chegando Jesus à região de Cesareia de Filipe,
perguntou aos seus discípulos: 'Quem os outros dizem que o Filho do homem é?'
Eles responderam: 'Alguns dizem que é João Batista; outros, Elias; e, ainda
outros, Jeremias ou um dos profetas'.
'E vocês?', perguntou ele. 'Quem vocês dizem que eu sou?'
Simão Pedro respondeu: 'Tu és o Cristo, o Filho do Deus
vivo'.
Respondeu Jesus: 'Feliz é você, Simão, filho de Jonas!
Porque isto não foi revelado a você por carne ou sangue, mas por meu Pai que
está nos céus. E eu digo que você é Pedro, e sobre esta pedra edificarei a
minha igreja, e as portas do inferno não poderão vencê-la. Eu darei a você as
chaves do Reino dos céus; o que você ligar na terra terá sido ligado nos céus,
e o que você desligar na terra terá sido desligado nos céus' ".
Primeiramente gostaria de ressaltar aqui as palavras de
Jesus: “sobre esta pedra edificarei a minha igreja”. Aqui podemos ver
claramente que foi vontade de Jesus edificar a sua igreja. Portanto a Igreja
não é algo que se possa dispensar, jogar fora ou desprezar...a edificação da
Igreja foi um ato de vontade do Senhor; e o que vem do Senhor é graça, é
benção.
E paremos para pensar agora: Por que Jesus quis fundar a Sua
Igreja?
A resposta é fácil: para continuar a Sua missão até o fim
dos tempos. A missão de evangelizar todas as nações foi dada por Jesus aos seus
discípulos. Porém os discípulos também não permaneceriam nessa existência
terrestre eternamente. Daí terão que vir outros após estes e assim
sucessivamente. Por isso Jesus fundou a sua Igreja para que essa sucessão de
apóstolos e discípulos ocorressem sem interrupção e assim sua Palavra pudesse
ser levada para todos os povos até o fim dos tempos.
Isso é visível na própria história da Igreja que mostra os
266 papas que já houveram a começar por São Pedro, até hoje, numa prova dessa
apostolicidade ininterrupta. E aqui entra a parte final dos versículos que
citei anteriormente. Disse Jesus:
"E eu digo que você é Pedro, e sobre esta pedra
edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não poderão vencê-la".
Pedro não se chamava Pedro. Seu nome era Simão. Jesus
alterou seu nome propositadamente pois já tinha a intenção de fundar sua Igreja
sobre a Rocha. Na Bíblia quando ocorre mudança de nome implica numa tarefa ou
missão que Deus disponibilizará para essa pessoa. É o caso por exemplo de
Abraão. E foi o caso do Simão que teve seu nome alterado para Pedro.
E para finalizar Jesus disse:
"Eu darei a você as chaves do Reino dos céus; o que você ligar na terra será ligado nos céus, e o que você desligar na terra será desligado nos céus".
Uma chave com poder de ligar aqui na terra e, por
consequência, o Senhor ligar lá no céu representa uma chave de grande
autoridade. Autoridade que a Igreja tem para evangelizar, para ensinar. Jesus
quis dar essa assistência infalível à sua Igreja até para que seus ensinamentos
não tivessem sido em vão. Caso contrário, se não houvesse essa garantia, hoje a
Igreja já teria tomado o caminho do erro e muito provavelmente ela estaria
dizendo que aborto é moral, que a castidade cada um vive conforme a sua
consciência que Maria não foi sempre virgem etc. Dessa forma a verdade se
esvaziaria para o império do relativismo e o diabo venceria!
Uma outra passagem muito importante no tocante à autoridade
do magistério da Igreja e que esclarece toda essa nossa reflexão é essa: “Disse-lhes,
pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco; assim como o Pai me enviou, também
eu vos envio a vós” (João 20,21). A mesma missão que Jesus recebeu do Pai ele
retransmitiu à sua Igreja. E deu a Ela a assistência do Espírito da Verdade: “Mas,
quando vier o Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade!” (João
16,13). “E as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16,18).
E São Paulo salienta: “A Igreja é a coluna e o sustentáculo
da verdade” (1 Tm 3,15).
Espero que tenha ficado claro a importância do Magistério
Da Igreja!
Os ensinamentos da Igreja gozam da assistência de Jesus até
para que as portas do inferno não a vençam fazendo-a entrar em caminhos errados
no tocante a ensinamentos de fé e moral.
Espero sinceramente que essas reflexões possam ter ajudado
no quesito fontes de fé da Igreja Católica. Fique na paz!
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Data da Publicação: 06/03/2022
Categoria do Artigo: Doutrina
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